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21 de fevereiro de 2008

Apita Apita.

O Tribunal de Gondomar ouviu esta tarde, durante o julgamento do «Apito Dourado», o inspector José Novais de Sousa que, ao longo da investigação acompanhou as intercepções telefónicas a Valentim Loureiro, Castro Neves e José Luís Oliveira.

«Apito: «Alguma vez lhe pedi para fazer fretes?»

Questionado sobre os indícios recolhidos, o investigador recordou as inúmeras vezes e em que o dirigente do GSC ligava aos árbitros alegadamente a pressionar. «Acontecia muito ligarem a perguntar: «O senhor está preparado para apitar o jogo?». Novais de Sousa recorda especialmente que «num jogo com o Freamunde», o árbitro até respondeu (a José Luís Oliveira) «Eu nem gosto do Freamunde».

Noutra ocasião, aquando do jogo Gondomar/Porto B, em Setembro 2003, apitado por Pedro Sanhudo, José Oliveira terá contactado o árbitro perguntando-lhe o que se podia fazer, ao que Sanhudo respondeu que «a coisa estaria controlada».

«Pague-lhe lá a conta»

«Quando José Luís Oliveira necessitava de uma intervenção maior de Pinto de Sousa, para nomear árbitros, ligava ao major Valentim Loureiro», referiu ainda o investigador.
Novais de Sousa relatou ainda o exemplo de uma conversa entre José Luís Oliveira e Valentim Loureiro em que o primeiro informa que vai jantar com o árbitro Pedro Sanhudo, ao que o major terá respondido: «Pague-lhe lá a conta».

Moçambique: «uma oportunidade certamente rara»

Sobre a viagem de Pinto de Sousa a Moçambique integrado na comitiva do então primeiro-ministro, Durão Barroso, em Março de 2004, a defesa do arguido quis saber por que razão a PJ classificou a situação como «uma oportunidade certamente rara», ao que Leonor Brites esclareceu:

«Não é frequente que empresários possam acompanhar o primeiro-ministro em viagens ao estrangeiro. Não estará certamente à disposição de todos os empresários portugueses». O advogado João Medeiros quis ainda saber se os inspectores cuidaram de saber «quem pagou a estadia, a duração da mesma e outros detalhes» ao que a testemunha respondeu: «Não me estava atribuída essa tarefa».

«Não sou um instrumento para medir decibéis»

Na parte da manhã, a testemunha Leonor Matias referiu ter assistido a três jogos envolvendo o Gondomar Sport Clube (GSC). Confessando-se leiga em futebol, a inspectora referiu que estava atenta às jogadas que suscitavam mais protestos dos adeptos».
«A senhora ia ali para medir o ruído dos adeptos?», ironizou o advogado Carlos Duarte que representa os árbitros Jorge Saramago e António Eustáquio, ao que a investigadora retorquiu: «não sou um instrumento para medir decibéis», especificando que a diligência externa visava apreciar «o que acontecia antes, durante e depois» das partidas.
O julgamento prossegue na manhã de quarta-feira com a inquirição dos inspectores da PJ Jorge Melo e António Barros.

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