" Durante 13 minutos, as conversas dos jornalistas estiveram a ser gravadas por um funcionário do Ministério da Educação. O episódio aconteceu na noite de quarta-feira, na sala de imprensa, enquanto uma dezena e meia de profissionais de comunicação social aguardava as declarações do secretário de Estado--adjunto, Alexandre Ventura, sobre as conclusões da ronda negocial com os sindicatos dos professores.Enquanto os jornalistas esperavam por uma declaração do secretário de Estado-adjunto da Educação - que nunca chegou a acontecer -, o funcionário, que se identificou mais tarde como António Correia, do gabinete da ministra Isabel Alçada, entrou na sala de imprensa e pôs um gravador junto dos microfones e dos tripés que estavam em cima da mesa. Ninguém deu conta de que o aparelho estava a gravar.
Durante vários minutos, as conversas dos jornalistas giraram à volta das notícias do dia, nomeadamente sobre o caso Face Oculta. Comentários informais foram trocados entre colegas que não se aperceberam de que estariam a ser escutados.O gravador, que esteve sempre ligado, só foi descoberto após um jornalista da TVI se dirigir à mesa para reposicionar o microfone, momento em que encontrou o aparelho ligado e a gravar. E foi nessa altura que todos os jornalistas presentes se aperceberam da gravidade do caso. Apagar os nove minutos de conversas gravadas foi a primeira decisão que tomaram em conjunto. Restava esperar por um responsável do Ministério para pedir justificações. Mas, foi nesse momento, que o mesmo funcionário entrou outra vez na sala de imprensa e voltou a ligar o gravador, saindo sem se identificar. Alguns dos jornalistas foram atrás dele para perguntar quem era e porque estava a gravar as conversas informais dos jornalistas.
O funcionário voltou as costas e seguiu caminho sem dar resposta. Foi preciso alguma insistência para finalmente se identificar como António Correia, membro do gabinete da ministra da Educação. À pergunta sobre qual era a intenção de gravar conversas de jornalistas, o funcionário respondeu desta forma: "Temos as mesmas armas."
Os jornalistas regressaram então à sala de conferências com o funcionário, advertiram que não estava autorizado a gravar nem a reproduzir o conteúdo das conversas e os restantes três minutos de gravação foram apagados pelos próprios repórteres e redactores.Pouco tempo depois, entrou uma responsável do gabinete de comunicação do Ministério para informar que, afinal, o secretário de Estado-adjunto, Alexandre Ventura, só iria fazer uma declaração por escrito, que acabou por ser enviada às redacções por email.
Contactado pelo i, fonte do Ministério da Educação, confirmou através uma resposta enviada por email que um membro do gabinete da ministra pôs um gravador na sala de imprensa, mas com o único objectivo de registar a declaração que estava prevista do secretário de Estado-adjunto: "Um gravador foi, de facto, colocado por um elemento do gabinete, minutos antes de uma aguardada declaração à imprensa do secretário de Estado-adjunto e da Educação."O procedimento, explica a mesma fonte, é habitual e serve para facilitar o trabalho dos jornalistas: "A gravação das declarações à imprensa por parte dos gabinetes não é uma prática nova [...] tendo sido, ao longo dos tempos, disponibilizadas aos jornalistas que as solicitaram, para o cumprimento do seu trabalho", justificou o mesmo responsável sem esclarecer se o funcionário teve indicação superior para deixar o gravador ligado na ausência do secretário de Estado-adjunto."
retirado do jornal i - "Ministério da Educação grava conversas informais de jornalistas"
27 de novembro de 2009
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