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28 de setembro de 2009

Not As Many As We Hoped.

Ontem... Não ficou nada decidido a não ser o óbvio. Tão óbvio como o Polga continuar a jogar mal e o Benfica a encantar.
O PS ganhou com maioria relativa, o BE e CDS roubaram a maioria absoluta ao Governo e subiram, o PSD andou por lá a passear e o PCP levou uma tareia como nunca antes.

Tendo em conta os resultados,
PS - 36,56% PSD - 29,09% CDS -10,46% BE - 9,85% PCP - 7,88% Abstenção - 40%

As minhas conclusões finais são as seguintes:

1 - PCP perdeu completamente qualquer força no panorama político português. Um partido com história e intervenção directa no alcance da democracia em Portugal, deixou-se ficar para trás do seu "irmão malévolo", o Bloco de Esquerda e do seu inimigo pequeno da direita, o CDS-PP. Isto deve-se essencialmente à imagem velha, decrépita, pouco atraente do seu líder ( que até tenho alguma estima ) e das políticas que defendem, mas acima de tudo das convicções antigas que mantêm o partido junto mas que afastam eleitores que não compreendem a mensagem que querem passar. Essas convicções limitam o marketing político que, como se depreende, é velho e deslocado no tempo, incapaz de captivar os jovens, a verdadeira força política. Se para o PCP é mau, para o país não aquece nem arrefece. Desde que a Festa do Avante! se mantenha, fico feliz.

2 - O Bloco de Esquerda consegue fazer uma excelente campanha de marketing político. É de resto a única coisa que consegue fazer muito bem. Ao longo dos anos, tem apelado ao voto dos jovens com a sua imagem de rebeldia, de contra-poder que muito advém das suas políticas revolucionárias que fazem sentido apenas em Marte, digo eu de que. Não obstante à minha irrrrrrritação constante com Francisco Louçã ( que acho que começa a crescer mais do que aquilo que é, e mais do que o BE apresenta, passando a imagem de arrogante e nova criança que está na idade do "contra"), tenho de lhe dar mérito pela capacidade que teve ao longo deste curto espaço de tempo em que o BE nasceu e cresceu e se tornou numa força política de relevo em Portugal. É incrível como ir buscar ao saco do PCP e do PS as melhores (?) ideias da esquerda leva a resultados estrondosos. Contudo, é de referir que apesar da excelente votação de ontem, o CDS-PP conseguiu ultrapassá-los o que aposto que deixou um travo amargo na boca dos bloquistas.

3 - Ladies & Gentleman, os verdadeiros vencedores da noite eleitoral, o CDS-PP. Levados às costas pelo seu carismático líder, Paulo Portas, eles são os justos vencedores de todas as campanhas eleitorais. Foram os que gastaram menos dinheiro, mas os que mais se aproximaram do povo real e das necessidades do país. Souberem gerir bem todos os casos mediáticos que surgiram ao longo dos meses, não dando espaço de manobra tanto ao PS como ao PSD e como sempre, Portas esteve muito bem no que toca aos debates. Jogou as cartadas da segurança e do futuro dos jovens como se fossem chuva no Inverno e para surpresa das surpresas isso funcionou na perfeição. Como ele próprio referiu no seu discurso de ontem, o facto de não terem pedido os 10% deu-lhes um descanso muito maior que os outros partidos. O PS tinha de ganhar, o PSD tinha de ganhar, o BE tinha de ter mais que o CDS e ser o bastião que iria derrubar o PS e o PCP, pronto... tinha de fazer algo para não se afogar. De todos, era o que menos pressão tinha. Esta vitória altera o panorama político por completo e assim, o CDS consegue afirmar-se como a verdadeira direita deste país, já que o PSD perdeu esse lugar no momento em que elegeu Manuela Ferreira Leite como sua líder. São eles que têm o poder de discutir com o PS a possibilidade de coligação.

4 - Os grande derrotados da noite. Com uma campanha baseada na " asfixia democrática ", o PSD não conseguiu provar-se como uma força alternativa ao PS e deixou escapar a vitória, ficando agora com o pé descalço. É caso para dizer, pela boca morre o peixe. Manuel Ferreira Leite demonstrou como um líder tem o poder para levar um partido à vitória ou neste caso, à derrota. A sua fraca campanha associada à imagem de velha austera e pouco preparada para conduzir o país a bom porto ditou a sua eventual queda da liderança do partido, agora mais virado para pessoas mais jovens e com mais capacidade de agarrar o futuro eleitorado. Pedro Passos Coelho será o nome que junta mais consenso mas veremos depois das autárquicas. O que é necessário manter na memória é a perda do PSD em grande parte devido à sua líder. Uma campanha fraca, um programa eleitoral repleto de palavras mas sem ideias, e um número interminável de gaffes e casos que nada ajudaram a alcançar um bom resultado. Nem mesmo o guru Pacheco Pereira conseguiu inverter as previsões, portanto é justo dizer que o PSD deixou-se ir abaixo por culpa própria o que torna tudo ainda mais grave. Criticaram o PS pelo caso TVI mas esqueceram-se de Marcelo Rebelo de Sousa bem como das alegadas escutas ao Presidente da República. Falaram do medo que existe de falar sobre o Governo, mas depois a Madeira é o exemplo perfeito da democracia. Asneiras atrás de asneiras.

4.1 - É preciso abrir aqui um espaço para referir uma situação. Um dos maiores derrotados da noite é também Cavaco Silva. A sua opção de não agir rapidamente no caso das escutas e remeter a situação para depois das eleições, levantou ainda mais o clima de crispação deixando o PSD de mãos atadas e o Governo com mais espaço de manobra para gerir a situação, tendo em conta que daqui a algum tempo o seu lugar também vai estar para sufrágio. Esta opção interferiu com as eleicções, deitando por terra qualquer argumento de "asfixia democrática".

5 - O vencedor da noite, mas não absoluto. Assim, o PS alcança uma segunda legislatura mas desta vez sem maioria absoluta. Será bom ou não? Na minha opinião será mau, pois o país precisa nesta altura de uma forte liderança com ideias concretas e definidas. Claro que podem dizer que o debate político pode dar azo a melhorar o que está incorrecto, mas ao mesmo tempo dá azo a mais vozes a debaterem o mesmo assunto e toda a gente sabe que quantos mais falam, mais confuso é. Quanto muito, a primeira legislatura devia ter sido ganha com maioria relativa e esta absoluta. Mas pensar nos "ses", não vale muito a pena. O importante é entender como é que o PS de José Sócrates vai gerir esta vitória. Terá de mudar o seu estilo de "quero, posso e mando" para "vamos ter de falar sobre isto", algo que tenho dúvidas que irá acontecer. José Sócrates realizou um campanha a apostar nas suas ideias, apoiado por um massivo suporte técnico e humano que consegue ir buscar votos ao fundo do baú como no caso de Manuel Alegre e Mário Soares. Em todos os debates, Sócrates, como perfecionista que é, levou as lições bem estudadas e soube gerir todos os ataques desferindo golpes fatais como no caso de Francisco Louçã que levou uma tareia verbal. No fundo, era um resultado previsível e agora a questão é: como é tudo isto se vai encaixar no novo puzzle político?

6 - A abstenção continua em alta o que demonstra uma falta de interesse pelo poder política e a cada vez crescente descrença nos senhores que deviam levar este país a um bom rumo. Se por um lado, eles têm de inverter esta tendência por outro, os portugueses devem ter em conta que votar é um dos básicos deveres do cidadão.

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