Dos anos oitenta saíram inúmeros "tesourinhos deprimentes", no que à área musical respeita. Os The Cure não se encaixam, indubitavelmente, nessa fileira. As três décadas de carreira têm-lhes garantido sucessivas salas esgotadas, tal como aconteceu este Sábado durante três horas de espectáculo, num Pavilhão Atlântico a rebentar pelas costuras, quase duas décadas após a estreia do grupo em Portugal, no Estádio de Alvalade.
Verdadeiras lendas da iconografia pós-punk e, outrora, considerados os reis do gótico e do alternativo, os The Cure mostraram que o palco é o seu reduto. Vestidos de negro, confiantes, divertidos e com a maquilhagem da praxe, Robert Smith (voz e guitarra), Porl Thompson (guitarra), Simon Gallup (baixo) e Jason Cooper (bateria) entraram em palco de mansinho, ao som de 'Plainsong' e 'Prayers For The Rain', os dois primeiros temas da noite. Rapidamente conquistaram o público presente, composto, na sua maioria, por conhecedores do percurso musical do grupo. A média de idades devia, certamente, rondar os 30 anos, pessoas que claramente cresceram a ouvir os doces lamentos e o som descomplexado do grupo. A rebeldia terá ficado nos 80's, já que, nos dias de hoje, a sobriedade no vestuário é a nota dominante. Ainda assim, avistam-se alguns grupos de góticos na assistência.
A aparente frieza de Robert Smith, que poucas vezes se dirigiu ao público entre uma e outra música, e raramente para mais do que os "obrigados" da praxe, não parece ter incomodado ninguém, já que, era para ouvir as músicas da banda que ali se encontravam. O mítico vocalista dos Cure continua igual a si próprio: a mesma voz poderosa, o cabelo desgrenhado e a maquilhagem, que são a sua imagem de marca. Só uns quilinhos a mais denunciam a passagem do tempo.
A noite era dada a nostalgias. A contemplação era visível. Sensivelmente até meio do espectáculo, a letargia era geral mas, aos primeiros acordes de 'Lovesong', a loucura instalou-se, prolongando-se até aos derradeiros instantes do concerto. Clássicos incontornáveis da música pop rock de cariz alternativo, como 'Lullaby', 'Friday I'm In Love', 'Close To Me', 'In Between Days', 'Killing An Arab', 'Just Like Heaven' ou 'Boys Don't Cry' fizeram as delícias dos seguidores do colectivo britânico. Os temas antigos foram intercalados com alguns mais recentes, do 13º disco de originais, a editar em breve, numa noite para celebrar e recordar o melhor dos 80's.
E pensar que Robert Smith quase se suicidou no passado, só para que o percurso da banda acabasse em apoteose. Ainda bem que não o fez. A sua contribuição para a história da música é inquantiificável, o seu legado é eterno.
3 Ah e tal...:
Eu conheço este texto LOL
É do Cotonete sim ;)
Bem me queria parecer que já o tinha visto algures!!!! LOL
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