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23 de outubro de 2007

Chapada de luva branca.

Mais uma vez, calhou-me a mim sair na rifa. Novamente, não sei porquê. Provavelmente porque tenho o péssimo hábito de fazer de padre e ouvir as confissões dos outros com o intuito de ajudar no que puder. É um hábito pouco valorizado hoje em dia. Ainda por cima, criticado quando as opiniões do je não batem certo com as dos restantes. Se são opiniões frias e racionais, isso não interessa. Deviam sempre bater certo com as opiniões dos amigos porque amigo apoia amigo. Acho que é verdade. Concordo. Mas e se o nosso amigo estiver errado? E se ele interpretar de uma maneira que não é igual à nossa visão? Estaremos errados ou simplesmente temos uma visão diferente?

Confesso que não agi com má intenção. Sentei-me, ouvi e expressei a minha opinião. Não era favorável mas era a que eu achava a correcta. "Podem gostar muito um do outro. Mas gostar por vezes não chega. É preciso algo mais e que pelos visto não há." Estas foram as minha palavras quando me pediram para opinar sobre determinado assunto. Repito, quando me pediram. Quando vierem ter comigo para falar sobre este assunto. Não vou deixar de falar só porque ambas as pessoas são amigas e são importantes para mim. O medo de ofender um deles é menor do que tentar ajudar. O que eu não entendo é o porquê de tal opinião ser considerada como negativa e de extrema má compreensão. Em variadas situações, eu ouvi opiniões diferentes das que eu tinha, exactamente na mesma situação, e não deixei de falar com os meus amigos por causa disso. Não os tratei mal. Não os deixei a falar sozinhos. Ouvi, engoli e fiquei-me. Mais tarde vim a dar razão. Este caso não é igual ao meu nem a vários por aí. Mas há uma situação que me desaponta: a pouca vontade de resolver o assunto, de esclarecer o que nos vai na cabeça.

Porque nem sempre estamos certos. Podemos ter pensado uma coisa e afinal de contas, vemos e é outra totalmente distinta.

Acho que fiz o papel que devia. Não gostei, admito-o. Mas foi o correcto. Sou teimoso e embirro rapidamente quando as coisas não me agradam. Mas se houve algo que aprendi este verão, é que os assuntos devem ser falados e resolvidos o mais cedo possível para não deixar que a podridão se arraste até ao ponto de explodir em todas as direcções.

Fiz o meu papel. Estive, mandei mensagens, tive ínicios de conversas. Não tive troco.

Não vou fazer mais nada. Por duas razões. Se for realmente importante, então espero que venham ter comigo para se falar e quero sentir até que ponto posso eu estar errado nas minhas suposições.

Tenho pena e fico triste. Mas cada vez menos. Com o tempo, as pessoas vão-se afastando. Pior ainda, deixam de nos conhecer.

Fico no meu lado onde sei que estou acompanhado por pessoas que discordam de mim mas que entendem. Que falam, que discutem mas que no fim do dia nos rimos juntos sobre os assuntos. Acho que por aí se sente que temos amigos. Não é apenas convidar para jantares, para fins de semana, para passagens de anos.

É saber compreender mesmo quando não concordam, é dar notícias quando sentem falta, é ficar até às 4h da manhã á espera de uma votação.

Andam muitos por aí que dizem ser.

Outros são realmente. Pena que tenho que se veja demasiado tarde.

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