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9 de março de 2011

Here Comes The Pain.

"Sou preferencialmente de esquerda. Sou do Benfica. Sou muitas coisas. O que não sou é avaliado pelas minhas competências e recompensado pelo meu trabalho e investimento.

Ao olhar para trás, para a geração dos meus pais e dos meus avós, vejo uma vida difícil onde se esforçaram para conseguirem falar livremente sem terem medo da repressão. Essa vida era dura porque o dinheiro também era escasso e não existia tantas oportunidades de trabalho. Fazia-se o que aparecia.

Hoje, olho para a minha vida e dou por mim a pensar: "É isto que tenho? O que será dos meus filhos?".

Tal como tantos amigos e desconhecidos da minha idade, tirei um curso superior com a crença de que esses estudos me iam ajudar na vida profissional, abrir portas em vários níveis, nem que fosse por me tornar um rapaz mais qualificado para um mercado de trabalho muito competitivo. Esforcei-me para ir ao encontro das expectativas dos meus pais, que sempre quiseram que tivesse mais oportunidades que eles para ter uma vida melhor. O plano saiu furado.

Quero ter uma casa, mas não tenho dinheiro para pagar um empréstimo a um banco. Quero viajar, mas não tenho dinheiro. Quero ter um contrato de trabalho, mas só me dão recibos verdes. Foi isto que os meus pais acharam que seria a minha juventude? Não foi. Nem eu achei que seria assim.

Não me interessa se a manifestação tem associações à esquerda ou à direita, o que realmente me importa é que nós, os jovens, temos um futuro cinzento à nossa frente. Não está inteiramente nas mãos de políticos mudar esse futuro, está nas nossas. Somos nós que elegemos quem nos governa portanto o poder é nosso, não deles. Se esta manifestação servir para berrarmos os nossos direitos, então vou estar presente. Como diz o meu avô: "Luta pelo que é teu". Eu luto, av
ô."

Texto publicado no Público Online inserido no tema "Por que é que VOU participar no protesto da "geração à rasca"?

0 Ah e tal...: