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13 de dezembro de 2010

WLeaks.

O site Wikileaks é hoje uma força a ter em conta. Com um destaque cada vez mais mediático graças aos documentos que vão expondo e também pelo seu líder, Julian Assange , o Wikileaks tornou-se no principal meio de comunicação do séc XXI a um nível global. Passados três anos desde a sua criação oficial que o site se tem tornado numa bandeira da "liberdade da comunicação" que batalha contra os segredos obscuros dos governos sem diferenciar situações ou casos. Tanto pode expor documentação relativa a casos de guerra, saúde, problemas financeiros, corrupção ou factores políticos.

O impacto que o Wikileaks tem na sociedade actual é brutal. Basta verem as notícias dia sim, dia não.

Analisando o panorama jornalístico actual, é seguro dizer que o site veio transformar o modo como vemos as notícias, o que é realmente importante, que impacto têm e de que modo devem ser transmitidas ao grande público. Se é jornalismo de investigação? É relativo. O simples facto de sobreviver à conta de pessoas que enviam informação privilegiada para os seus elementos retira-lhes a estrutura necessária para ser considerada como jornalismo de investigação. Mas por outro lado, faz aquilo que grande parte dos media não consegue: encontrar histórias importantes e transmiti-las para o mundo, sem filtros, receios, preconceitos ou pressões. A importância do Wikileaks para a sociedade actual é inseparável da obscuridade em que a maior parte dos governos se rege. Estamos constantemente a ser bombardeados com notícias de crises financeiras, de guerras, de tortura, de pobreza sem entendermos bem porquê ou que consequências têm tornando-nos simples receptores de informação que não reflectem. O Wikileaks eleve essa experiência para outro nível, já não achamos que algo acontece, agora sabemos. Torna-se real. Se morrem civis no Iraque? Quase de certeza que sim. Mas depois de vermos o vídeo do Collateral Murder, sabemos que morrem inocentes. Que a guerra tem efeitos nefastos nos próprios soldados que passam a vê-la como um jogo de computador onde se ganha mais pontos se não existir um corpo inteiro para analisar.

O Wikileaks é, para mim, um poderoso veículo de informação que irá revolucionar o modo como percepcionamos as pessoas que estão no poder e como desenvolvem as suas sociedades, trazendo luz para o secretismo que as caracteriza, forçando esses mesmos governos a adoptaram políticas mais transparentes. A democracia sobrevive apenas pela mão das pessoas que a aplicam e ao contrário de outros regimes políticos, este subsiste graças às pessoas que votam. Esse voto deve ser dado conforme a transparência dos candidatos. Nenhum governo deve esconder informação prejudicial ao seu povo. Consigo entender que exista informação privilegiada que não deve estar ao acesso de todo. Os segredos ainda são a principal arma de um político. Contudo, pergunto-me: Esconder o número de mortos civis no Iraque ajuda quem? Esconder que estiverem aviões da CIA em Portugal a transportarem presos? Isto são factos que, para o bem ou para o mal, devem ser do conhecimento das pessoas. Quem tomou as decisões deve arcar com as consequências dos seus actos. Num país democrático, não consigo conceber que pessoas que mereceram a nossa confiança tomem decisões difíceis e depois não as consigam assumir porque não querem perder o poder. Isso demonstra ganância. O Wikileaks destrói por completo essa ambição.

Esta nova guerra tecnológica que o Wikileaks trouxe será o grande perigo do nosso século ou será a maior evolução sociológica que verei nos meus dias.

Acredito no Wikileaks e na sua capacidade de transformar a sociedade. Doa isso a quem doer.


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